quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Previsão e Incerteza

Aqui há dias estive a ler o estudo sobre as previsões de procura do Novo Aeroporto de Lisboa, publicado no site da NAER (http://www.naer.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=14247&att_display=y&att_download=y).
Nesse documento, com data de 2002, são feitas estimativas de longo prazo para a procura (passageiros, movimentos e carga) nos aeroportos portugueses.
Os valores estimados das taxas médias de crescimento anual do tráfego de passageiros até 2013 para os 4 maiores aeroportos nacionais e as taxas registadas para os últimos 8 últimos anos são os seguintes:
Verifica-se que existem não só diferenças com expressão entre a projecção e a realidade, mas sobretudo observamos que a ordenação das taxas de crescimento é muito diferente: os aeroportos que se esperava tivessem um crescimento (Faro - 5,0% e Funchal - 4,5%) foram os que menos cresceram (1,8% e 1,0%) e os que se previa registassem crescimentos menores (Lisboa - 4,1% e Porto - 4,2%)) foram os que observaram maiores taxas (4,7 e 7,0%).

Não quero, nem poderia, fazer aqui qualquer juízo crítico quanto ao estudo em causa, elaborado por empresas de reconhecida capacidade e credibilidade. O que me parece importante relevar é que previsão e procura não são ciências exactas nas quais se deva apostar a nossa vida, são antes técnicas de apoio a decisões, pelo que devemos estar sempre preparados para reagir aos erros que a realidade demonstre que os modelos possuíam, de modo a ajustar as decisões aos novos dados registados pela evolução efectiva.

No caso específico do aeroporto de Lisboa, o único dos 4 referidos que poderá ter problemas de capacidade num prazo de 15 anos, reconheço ser necessário desenvolver o projecto de um aeroporto, reservando uma área específica para esse fim e evitando o risco de poder vir a acontecer uma incapacidade de crescimento decorrente da saturação da Portela.

Mantenho porém ainda dúvidas sobre qual o prazo para a sua construção (médio-prazo? longo-przo? ainda sem prazo?) e sobre a vantagem de transferir simultaneamente toda a operação para o novo aeroporto. O debate sobre este assunto nem sempre tem sido muito esclarecedor, eventualmente contaminado por alguma excitação política própria do momento actual.

2 comentários:

Nando disse...

Se há uma coisa que podemos ter a certeza é que as previsões de procura (principalmente em aeroportos) nunca batem certo. Caso contrário o processo de tomada de decisão era fácil e matemático. O estudo de procura da Parsons revelou-se o mais "certinho" até 2007 (altura em que fiz um estudo sobre o NAL), mas acredito que a crise tenha dado cabo das previsões para 2008/2009. A questão é que num cenário em que o futuro (mais ou menos) imediato da TAP poderia levar a um enorme "elefante branco" em Alcochete.

António Alves disse...

Caro sr. João Marrana,

Venho por este meio solicitar-lhe autorização para republicar este seu post no site que coordeno (www.maquinistas.org). Pode enviar-me a sua resposta, se preferir, para o email amalves@maquinistas.org.

Os meus melhores cumprimentos,

António Alves