terça-feira, 1 de setembro de 2009

Situação Financeira da TAP Agravou-se

O jornal Público de hoje traz uma notícia de 1ª página, baseada num relatório da Parpública, indicando que o balanço da TAP atingiu uma situação crítica de falência técnica, apresentando capitais próprios negativos de 247 milhões de euros (http://jornal.publico.clix.pt/noticia/01-09-2009/situacao--financeira-da-tap-agravouse-no-semestre-17695735.htm) .

Esta notícia não contitui propriamente uma novidade, como referi no post de 19 de Agosto sob o título "Será a TAP uma preocupação", já que os resultados negativos obtidos em 2008, a progressiva degradação dos capitais próprios, associada à acumulação de prejuízos nos últimos anos, e a conjuntura mais desfavorável que representa o primeiro semestre de cada ano, com níveis de procura inferiores ao segundo semestre, conduziam a que os valores apresentados fossem, em grande medida, já esperados.

A notícia cita o Porta-voz da empresa, referindo este que, com a obtenção de resultados positivos no final do ano, se espera que a situação financeira nessa altura possa regressar aos valores do ano passado.

Acontece porém que o balnaço da TAP em Dezembro de 2008 revelava já uma situação preocupante, pelo que fico com a dúvida sobre a forma como poderá ser ultrapassado este problema. Naturalmente que a obtenção de resultados operacionais positivos poderá contribuir para a sua resolução, mas dificilmente este se conseguirá ultrapassar exclusivamente por essa via, num cenário de curto-médio prazo, pois não será realista admitir a possibilidade de que os resultados da  operação da TAP somem valores da ordem dos 250 milhões de euros nos próximos 1/2 anos nesta conjuntura do transporte aéreo e com  esta tendência estrutural de aumento da concorrência com as companhia low-cost.

É certo que outras empresas de transporte detidas pelo Estado apresentam situações financeiras semelhantes ou piores, mas trata-se de situações diferentes porque:
  • são empresas de transporte urbano ou suburbano que operam em áreas ou sectores onde a concorrência é muito menos expressiva;
  • não estão sujeitas a regras comunitárias semelhantes às do transporte aéreo, pois nestas últimas não é permitido o financiamento do Estado às companhias de aviação, com excepção de situações particulares de serviço público previamente contratado (caso das ligações às regiões autónomas ou a Bragança);
  • o carácter de serviço público do transporte urbano assume um âmbito relevante, na medida em que se não for disponibilizado muitas pessoas ficam com a sua mobilidade quotidiana comprometida, sejam os cativos do transporte público que deixam de o ter, sejam os utilizadores do transporte individual que passam a enfrentar níveis de congestionamento ainda muito superiores aos actuais.
Mesmo do ponto de vista da sensibilidade política e social, provavelmente haverá uma interpretação pública diferente entre financiar companhias que permitem a realização de viagens ocasionais, profissionais ou de férias, ou financiar empresas que transportam quotidianamente pessoas para o trabalho e para a escola.

Reforço por isso o que escrevi no post referido, de que "seria importante saber se existe ou não um projecto claro para a sobrevivência da empresa, com objectivos de médio-prazo e explicitação dos meios necessários para serem atingidos", dada a gravidade da situação e as escassas prespectivas que se apresentam.

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