segunda-feira, 8 de junho de 2009

Peso do Aeroporto do Porto no Noroeste Peninsular


A evolução do tráfego de passageiros de transporte aéreo é um fenómeno muito dinâmico, em especial quando comparado com o transporte público urbano. Por exemplo no aeroporto Francisco Sá Carneiro, na última década, as taxas de crescimento anual tiveram uma amplitude de 23%, variando entre um mínimo de -6% e um máximo de 17%.
No caso do aeroporto do Porto, verifica-se com muito maior intensidade o fenómeno da concorrência aeroportuária do que em qualquer outro aeroporto português, dado que existem 4 aerportos internacionais entre Porto e Corunha, numa distância de apenas 230 km, sobrepondo-se portanto as respectivas áreas de captação de tráfego.
Isto significa que o aeroporto Sá Carneiro está mais exposto à instabilidade da procura, na medida em que, para além de outros fenómenos, como a conjuntura económica internacional ou os ciclos do negócio da aviação, a respectiva procura é tamb[em muito influenciada pelo comportamento dos aeroportos de Vigo e Santiago, que concorrem pela captação dos mesmos passageiros potenciais.
O posicionamento do aeroporto do Porto, no tocante à quota de mercado no noroestes da peninsula (avaliado pela procura nos aeroportos do Porto, Vigo, Santiago e Coruña), evoluiu desfavoravelmente desde 1999, ano em que representava 54% dos passageiros, até 2006, quando essa percentagem era de apenas 45% (cf. gráfico apresentado). Porém, a partir dessa data o aeroporto Sá Carneiro tem vindo a assumir um peso crescente, mercendo particular referência o facto de ter voltado a assumir uma quota superior a 50% em 2008.
Especulando um pouco sobre as razões desta recuperação, diria que a mesma se deve certamente
* ao facto de, com a conclusão das obras efectuadas, se terem ultrapassado os constrangimentos de capacidade que a infra-estrutura apresentava até 2006;
* ao dinamismo que a sua gestão tem evidenciado, em particular na captação de novas ligações de companhias low-cost, segmento de mercado que tem sido responsável pela maior fatia de crescimento do tráfego europeu.
Por último, lembro que é importante ter presente que a conjuntura económica regional é desfavorável ao Porto, pois as taxas de crescimento do produto do Norte de Portugal têm sido inferiores às da Galiza, com o poder de compra dos habitantes desta região espanhola a crescer mais rapidamente do que no Norte, significando uma maior propensão destes para aumentarem a procura de transporte aéreo.

1 comentário:

Rui Rocha disse...

Normalmente os aeroportos são feitos para as companhias, mas no caso do Porto as companhias é que "fizeram" o aeroporto. Os galegos (e nós) adoram certos pormenores:

a-) voos low cost para Madrid, Girona, Londres, Paris, Suiça, Italia, Palma de Mallorca,Alemanha etc etc.

b-) Escoamento, via TAP, para o Brasil.