segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quanto custa o Transporte Público aos clientes


  • Com base nos dados constantes dos Relatórios & Contas publicados por diversas empresas de transporte de 6 países europeus, calculei o valor da tarifa média respectiva em 2007, ou seja, o quociente entre as receitas de bilheteira (expressa em Euros) e o número de passageiros transportados.

Na medida em que o poder de compra difere bastante nos diferentes países, efectou-se um ajustamento dos valores, a partir do PIBpc expresso em paridades do poder de compra (PPC), criando um factor de correcção em que o valor do PIBpc em PPC de Portugal é tomado como referência. O valor obtido permite avaliar o esforço financeiro dos clientes para suportarem custo das tarifas de transporte público.

Dos valores obtidos, apresentados no quadro, pode-se constatar que:

  • existe uma variação muito elevada de valores no universo considerado;
  • os valores das empresas belgas consideradas são particularmente baixos, mesmo sem o facto de correcção do respectivo poder de compra;
  • inversamente, em Londres os valores são bastante elevados;
  • as empresas portuguesas têm valores muito diferentes, o que poderá estar associado a diferentes metodologias de estimativa do número de clientes.

7 comentários:

JOSÉ MODESTO disse...

Caro João.
Queria dar-lhe os meus parabéns pelo blog que criou.
Interessante e bastante útil na nossa área.

Saudações Marítimas
José Modesto

Rui Amaral disse...

Meu Caro Engº João Marrana

Parabens pela ideia.
Pode contar comigo, sobretudo para exprimir preocupações cívicas por decisões de mobilidade erradas, e, se o considerar útil, penso poder dar contributos para melhorar o panorama da mobilidade de pessoas e mercadorias em Portugal, de Portugal e para Portugal, nos diferentes modos e respectivas conexões, e, sobretudo dar modestos contributos para uma política de transportes, que é coisa que nunca existiu e continua a não existir em Portugal, nem no plano nacional, nem no plano regional ou mesmo municipal. Cumprimentos.

jc disse...

Seria interessante cotejar estes dados com dados de percurso médio... (há outro post que se debruça sobre este ponto!).

Igualmente interessante seria saber como são obtidos os valores relativos a passageiros... O valor da STCP, por exemplo, subiu muito quando o número de passageiros passou a ser obtido de forma mais fidedigna.

Finalmente, diz o Relatório de 2008 da STCP: "Os passageiros intermodais, que são 23% dos passageiros totais, geraram 23% da receita total, revelando um valor médio ligeiramente inferior ao do tarifário próprio [...]".

O Relatório explica logo a seguir algo de importante: " [...] situação que decorre do peso expressivo dos títulos de bordo na estrutura de receita, os quais correspondem a uma receita por passageiro bastante superior."

Bastante mesmo... Se a população alérgica à bilhética sem contacto gera 23% da receita total, pagando sem pestanejar um múltiplo do que pagam os outros clientes, a Metro do Porto está a perder 23/77 da sua actual receita pelo facto de só aceitar bilhética sem contacto - mais de 8 milhões de euros só em 2008.

jc disse...

25% dos passageiros totais, sorry

Joao Marrana disse...

Caros Dr. Rui Amaral e José Modesto,

Agradeço a ambos as palavras de estímulo.
Quanto à sugestão do Dr. Rui Amaral, terei o maior prazer em publicar qualquer texto que entenda relevante e oportuno.
Um abraço

João Marrana

Joao Marrana disse...

Caro JC,
Atendendo ao meu envolvimento presente e passado na MP e na STCP, não gostaria de emitir opinões subjectivas sobre estas empresas, pois poderia não ser correcto.
Assim, agradeço os seus comentários, embora não me pronuncie sobre as opiniões que emite.

jc disse...

Correcção: 23% e 25% são respectivamente as percentagens de receita e passageiros intermodais. A percentagem de passageiros que usaram títulos de bordo é de 5%. O Relatório não diz qual a percentagem de receita correspondente, que é seguramente muito superior. Logo os 8 milhões referidos no meu comentário deviam ser corrigidos para pelo menos 5/95 de 29 milhões, i.e. aproximadamente 1,5 milhões. Mais para o lado do dobro, diria eu.