quinta-feira, 30 de julho de 2009

Alta Velocidade: entre Porto e Madrid qual será prioritária


Foi elaborado em 2006 pela TIS um estudo para a RAVE designado "Análise Custo-Benefício das linhas de Alta Velocidade Lisboa Porto e Lisboa-Madrid (...)" que, aplica uma técnica interessante para avaliar qual a procura necessária para tornar o investimento viável do ponto de vista social e económico (cf. http://www.rave.pt/tabid/183/id/94/attachid/0/Default.aspx).

São ali apresentadas conclusões muito interessantes das quais me permito extrair os seguintes aspectos:
  • " (...) a procura desviada necessária no primeiro ano de exploração, para obter um VAL positivo no investimento em AV, na ligação Lisboa - Porto é de 4.123.051 passageiros (...). Em anteriores estudos RAVE o tráfego projectado para o início de exploração da linha de AV, entre Lisboa – Porto, era de 4.935.815 passageiros." (idem, página 24, sublinhados meus);
  • A mesma metodologia aplicada à ligação Lisboa-Madrid conduz a que a procura desviada necessária no primeiro ano de exploração para obter um VAL positivo é de 6.792.820 (cf página 24 do documento)., embora em " (...) anteriores estudos RAVE o tráfego projectado para o início de exploração da linha de AV, entre Lisboa e Madrid, era de 1.861.562 passageiros processados no troço entre Lisboa e Estação Internacional do Caia" (ibidem, página 25).
Ou seja, embora na ligação Porto-Lisboa o rácio entre as previsões e as necessidades de procura para rentabilizar o investimento seja de 1,2, já no caso da ligação Lisboa-Madrid esse rácio será de 0,27, ou seja, em termos grosseiros, no primeiro caso a rentabilidade ocorre mesmo que a procura seja 20% inferior à esperada, mas no segundo caso essa rentabilidade só será atingida se a procura efectiva for cerca de 4 vezes superior à esperada.

Da leitura deste documento ficam-me algumas dúvidas, das quais destaco esta, pois gostaria de receber comentários que ajudem ao meu esclarecimento:
  • porque razão começar a rede de alta velocidade pela ligação Lisboa-Madrid se esta estará distante da rentabilidade sócio-económica, ao contrário da ligação Porto-Lisboa?


NB: Copyright da fotografia - Bombardier

4 comentários:

Rui Monteiro disse...

Caro João,

A ligação Lisboa-Porto é mais rentável do que a ligação Lisboa-Madrid porque corresponde a uma necessidade efectiva. A maior rentabilidade vem daí. A ligação Liboa-Madrid corresponde, quanto muito, a uma necessidade potencial. Isto é, admite-se que no futuro uma ligação como essa venha a ter muita razão de ser.

De vez em quando, esquecemo-nos de premissas básicas como esta quando nos envolvemos em estudos económicos. A tecnicidade desses estudos, por vezes, tolda-nos a razão.

Enfim, a prioridade devia ser, como é evidente, a da linha Porto-Lisboa. Eu diria que ela já era prioritária antes de se falar sequer da linha Lisboa-Madrid.

Um abraço.

Rui Monteiro

Joao Marrana disse...

Caro Rui,

Só agora cheguei de férias e vi o teu comentário.

Subscrevo a tua opinião e traduzo da seguinte forma: uma linha do Norte é uma necessidade, uma nova linha Lisboa-Madrid é um investimento enorme para aproveitar uma expectativa de rentabilidade muito questionável.

Acresce que, uma vez mais, se vai dar prioridade à polarização de Lisboa em vez de contribuir para um melhor ordenamento do território litoral.

Um abraço e boas férias, se for o caso. Senão um bom trabalho.

João

Anónimo disse...

Sobre este assunto sugiro artigo de Rui Rodrigues no maquinistas.org

ERROS ESTRATÉGICOS NA NOVA REDE FERROVIÁRIA

O Governo está a cometer um erro estratégico ao propor uma rede que não vai permitir transportar directamente os contentores do nosso território e portos para à U.E.

O nosso país ficará mais isolado e menos competitivo.


http://maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/rave-conceitos.pdf (duplo clique para ler)

Cumprimentos
Carlos Santos

Anónimo disse...

Sobre este assunto sugiro artigo de Rui Rodrigues no maquinistas.org


ERROS ESTRATÉGICOS NA NOVA REDE FERROVIÁRIA

O Governo está a cometer um erro estratégico ao propor uma rede que não vai permitir transportar directamente os contentores do nosso território e portos para à U.E.

O nosso país ficará mais isolado e menos competitivo.


http://maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/rave-conceitos.pdf (duplo clique para ler)